quinta-feira, 18 de março de 2010

Texto de Patrícia Lavinas - “Nega de Sol” e os sete caboclinhos

Era uma linda moça, com cabelos compridos, olhos escuros e pele muito morena, por isso era conhecida por todos como "Nega de Sol".

A "Nega de Sol" tinha um coração enorme e gostava de ajudar todos a sua volta, inclusive os burrinhos, cachorrinhos e vaquinhas que vinham até ela pedir ajuda quando a seca no sertão cearense se agravava.
Porém, a pobre moça tinha uma madrasta muito má - e também muito vaidosa - que todos os dias perguntava a seu espelho mágico: “Espelho mágico, espelho meu, quem é na fazenda mais bela que eu?” E o espelho respondia: “Não há, no Ceará, mulher mais bela!”
A madrasta tinha ciúme da beleza da "Nega de Sol", por isso a obrigava a usar roupas velhas e Havaianas usadas, além de fazer todo o trabalho pesado da fazenda. Queria que a "Nega de Sol" ficasse com as mãos calejadas de tanto pegar na enxada. A menina não tinha descanso: desde cedo até tarde da noite, trabalhava sem parar no cultivo de cana, arroz, milho, feijão e algodão.
Um dia, um belo médico sanitarista bateu na porta da fazenda da "Nega de Sol" para ver se estava tudo em ordem na fazenda e ficou impressionado com a beleza da moça. A madrasta, que estava na janela de seu quarto, ficou furiosa ao ouvir o médico dizer a "Nega de Sol" que ela era a mais bela moça do sertão cearense.
No mesmo instante, foi consultar seu espelho mágico: “Espelho mágico, espelho meu, quem é na fazenda mais bela que eu?” O espelho, que sempre dissera ser a madrasta a mais bela, desta vez, entretanto, respondeu: “Beleza e amor juntos caminham. Nega de Sol é hoje a mais linda cabocla do Ceará!”.
A madrasta não se conteve. Imediatamente, chamou os empregados e ordenou que levassem o médico para bem longe da fazenda.
Mas, a madrasta não ficou satisfeita. Enquanto "Nega de Sol" vivesse, ela correria o risco de não ser considerada a mais bela. Por isso, planejou matá-la. Chamou um de seus empregados mais antigos da fazenda e ordenou que a levasse para um passeio e lá a matasse. O empregado porém, não teve coragem de matar a pobre menina.

“Nega de Sol”, então fugiu pelo sertão cearense até encontrar uma casinha de taipa, onde moravam sete caboclinhos que lhe deram comida e alimentação, em troca de ajuda na lavoura.

A madrasta descobriu que a “Nega de Sol” estava viva e decidiu ela mesma encarregar-se do serviço. Foi até a casinha e envenenou a panela de feijão que “Nega de Sol” estava preparando para o almoço e quando a jovem foi experimentar para ver se estava com sal, caiu dura no chão.

Quando os sete caboclinhos voltaram da lavoura, encontraram “Nega de Sol” no chão da cozinha. Eles foram até a vila e chamaram um médico, que por acaso era o mesmo que “Nega de Sol” havia conhecido na fazenda da madrasta.

O médico foi até a casa dos sete caboclinhos e percebeu que a menina não estava morta, e sim envenenada, então deu a ela um antídoto para o veneno. E “Nega de Sol” acordou e ao ver o médico ficou emocionada e desmaiou novamente.

O médico resolveu então morar com os sete caboclinhos e “Nega de Sol” na casinha de taipa e ficar cuidando da plantação de feijão, arroz e milho com eles. E a madrasta morreu envenenada com o próprio veneno.

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