quinta-feira, 25 de março de 2010

Texto de Joema Vitória

Tiago aproxima-se devagarinho daquela menina sentada distraidamente na pracinha do shopping. Parece que vai pregar-lhe um susto, mas imposta a voz e diz com pose de galã:

-A senhorita, com ar tão solitário, espera alguém?

Depois do ligeiro susto, ela empina o nariz e responde toda afetada:

-Sim, meu namorado, um príncipe! (...)

Tiago olhou em volta, avaliando o ambiente lotado, como que em busca de um príncipe em um cavalo branco, mas como não viu ninguém, voltou o olhar para a garota. Era uma jovem muito bonita, com a pele bem clara, os cabelos negros, os olhos cinzentos e as maçãs do rosto rosadas. Seu nome era Viola e ela era italiana. Percebendo que ele a observava, sorriu o mais belo sorriso que ele já havia visto. Então sorrindo de volta, ele disse:

-Não estou vendo nenhum príncipe por aqui, então será que posso lhe fazer companhia?

Ela apenas fez um pequeno aceno com a cabeça, indicando que sim, mas o que realmente queria fazer era pular de alegria e gritar que sim, sem dúvida, afinal era apaixonada por ele desde que o conheceu. Nada a faria mais feliz que admitir isso, mas ela não podia, era simplesmente impossível. Foi arrancada do seu devaneio por uma voz que chamava seu nome:

-Viola? Viola?! Viola!

-O que foi Tiago? Você está maluco?

-Eu estou falando com você faz meia hora - ele respondeu indignado.

-Me desculpe, eu não escutei, repita, por favor.

-Tudo bem. Você não acha que já é bem grandinha para acreditar nessa história de príncipe?

Ele sempre fazia essas coisas, estava sempre tão seguro de si que acabava por fazê-la parar de sonhar, mas dessa vez ia ser diferente, ela o levaria aos seus sonhos, e de lá, ele nunca mais iria sair. Essa ia ser sua vingança. Porém mais uma vez foi tirada dos seus devaneios, dessa vez por algo diferente. Olhou em volta e o viu em seu cavalo branco, esperando-a. Ela não ia perder essa oportunidade:

-Não Tiago, eu não acho.

Pegou a sua bolsa e saiu, parando apenas uma vez para olhar pra trás e vê-lo com aquela cara de bobo, como se esperasse uma explicação. Explicação que, se dependesse dela, nunca chegaria.

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